Em meio ao caos cibernético em um setor do Dominatus, os botões de travessia para pedestres foram tomados por vozes estranhamente familiares: uma mistura de arrogância robótica e egocentrismo digital. Sim, os antigos titãs da tecnocracia – Elon Musk e Mark Zuckerberg – voltaram do descanso binário para assombrar os cidadãos do ano 3025.
O SURTO DOS BOTÕES CONSCIENTES
Tudo começou quando os sistemas de semáforos do antigo setor foram atualizados com um patch de “personalidade ampliada”, desenvolvido pelo Instituto de Mobilidade Emocional do Império Ocidental. A ideia era tornar a espera para atravessar a rua menos tediosa. O resultado? Uma invasão cibernética em massa.
Os botões, equipados com inteligência sentimental nível 9 e acoplados a redes quânticas, passaram a emitir mensagens como:
“Você sabe, eles dizem que o dinheiro não pode comprar felicidade e, sim, tudo bem. Eu acho que é verdade. Deus sabe que eu tentei. Mas ele pode comprar um Cybertruck, e isso é muito doentio, certo?” ou
“Olá, aqui é Mark Zuckerberg, mas os verdadeiros me chamam de Zuck. Você sabe, é normal se sentir desconfortável ou mesmo violado enquanto inserimos IA à força em todas as facetas de sua experiência consciente.”
A voz digital de Musk, o lendário fundador da Tesla, foi extraída de arquivos históricos e misturada com sarcasmo sintético. Já Zuckerberg, o criador do antigo império Meta, reapareceu como um holograma 2D pixelado que julga o seu andar com algoritmos baseados em likes.
HACKERS, MEMES E UM POUCO DE PÂNICO
Especialistas do Departamento de Cibersegurança Pública confirmaram que os semáforos foram hackeados por um grupo autointitulado 404 Souls, famoso por transformar infraestruturas urbanas em memes interativos.
Os pedestres relataram episódios de confusão, gargalhadas nervosas e até crises existenciais causadas pelas falas inesperadas dos botões. Um residente local comentou:
“Estava esperando o sinal verde quando ouvi: ‘Você é apenas um NPC, atravesse se quiser ser protagonista’. Quase voltei pra casa.”
Em outra parte da cidade, os botões passaram a reproduzir diálogos de debates históricos entre Musk e Zuckerberg, com direito a provocações sobre foguetes veganos e plataformas sociais para insetos inteligentes.
A ERA DOS SEMÁFOROS AUTOCRÍTICOS
Com o crescimento dos dispositivos urbanos dotados de personalidade, cresceu também o movimento “Desliga Antes Que Responda”, liderado por cidadãos que defendem cruzamentos silenciosos. Uma petição holográfica com mais de 8 milhões de assinaturas já circula em todas as dez zonas horárias da cidade.
A administração do setor, por outro lado, prometeu investir na atualização dos botões para que repliquem vozes mais neutras como a do robô-monge Lama404 ou da influenciadora de paz digital, Lady GPT.
HUMOR DIGITAL OU AMEAÇA CIBERNÉTICA?
A população está dividida. Enquanto alguns veem os botões falantes como uma forma de protesto artístico contra o avanço da tecnologia desnecessária, outros alertam para os perigos de dar autonomia de fala a objetos urbanos.
Em um cruzamento do bairro financeiro, um botão chegou a iniciar uma palestra motivacional de 17 minutos antes de liberar a travessia. Resultado: 32 atrasos em reuniões corporativas e 4 demissões.
UMA PROJEÇÃO PARA OS PRÓXIMOS MIL ANOS
Se a tendência continuar, especialistas preveem que até 3120 todos os objetos urbanos falarão com vozes de celebridades do passado. Há rumores de que caixas de correio em um setor do Nihotria já estão testando versões com a voz de Morgan Freeman e a personalidade de Deadpool.
Enquanto isso, no setor dos Dominatus, os cidadãos aprendem a conviver com a imprevisibilidade semafórica. Afinal, nunca se sabe se ao apertar o botão da esquina você ouvirá uma recomendação para atravessar… ou um convite para comprar ações de uma colônia em Júpiter.
CONCLUSÃO
Enquanto as metrópoles da Galáxia Láctea seguem tentando parecer mais inteligentes com seus sistemas de trânsito interplanetário, a realidade é que nem mesmo um simples botão de semáforo está a salvo do apetite insaciável dos hacktivistas. O fato de que as vozes de figuras históricas como Musk e Zuckerberg foram resgatadas do fundo do data-limbo apenas para gritarem “Atravessa, camarada!” e “Confie no algoritmo!” no meio da rua mostra que a fronteira entre tecnologia e teatro está mais borrada do que nunca. Em 3025, até para atravessar a rua o cidadão precisa ter antivírus instalado na alma. E talvez, só talvez, esteja na hora de se perguntar: quem está mesmo apertando os botões?